Fornecedores de primeiro, segundo e terceiro nível: como mitigar riscos?

O que são fornecedores de primeira, segunda e terceiro nível?

Fornecedores de primeira, segunda e terceiro nível estão relacionados às diferentes posições da cadeia de suprimentos de uma empresa, onde cada “nível” representa uma etapa de fornecimento em relação à empresa compradora e um impacto significativo na entrega de componentes que são incorporados aos produtos finais.

Em virtude disso, estabelecer relacionamentos sólidos, gerenciar e monitorar todas os níveis de fornecimento é importante para garantir qualidade, eficiência e conformidade na produção de bens e serviços.

Vejamos as principais diferenças entre cada nível de fornecimento. 

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Fornecedores de Primeiro Nível

Os fornecedores de primeiro nível são aqueles que fornecem diretamente à empresa contratante os componentes e matérias-primas essenciais para produção de produtos ou serviços finais. São os que fazem parte da vendor list.

Eles podem inclusive ser distribuidores ou revendedores dos materiais ou serviços, mas não necessariamente são os fabricantes.

Uma vendor list é uma lista geral de fornecedores que uma organização utiliza para adquirir uma variedade de produtos ou serviços. Essa lista pode incluir não apenas fabricantes, mas também revendedores, distribuidores, prestadores de serviços e outros tipos de fornecedores. Ela engloba uma gama mais ampla de fornecedores que atendem às necessidades diversas da organização, e os fornecedores listados podem não ser necessariamente os fabricantes dos produtos ou serviços.

Por exemplo, em uma indústria automobilística, um fornecedor de primeiro nível  pode ser aquele que fabrica motores, pneus ou vidros, ou um distribuidor de peças, fornecendo diretamente à montadora de automóveis.

Fornecedores de Segundo Nível

Os fornecedores de segundo nível são aqueles que fornecem peças, componentes ou matérias-primas para os fornecedores do primeiro nível, desempenhando um papel intermediário na cadeia de suprimentos da empresa contratante. 

Tomando como base o exemplo acima. O fornecedor de segundo nível será responsável por fornecer válvulas ou sistemas de ignição para compor o motor que é fabricado pelo fornecedor de primeiro nível, ou peças para um distribuidor

Fornecedores de Terceiro Nível

Os fornecedores de terceiro nível estão ainda mais afastados da empresa contratante e fornecem componentes e matérias-primas específicas para formação de peças produzidas pelos fornecedores do segundo nível. 

Como exemplo, um fornecedor de terceiro nível pode fornecer ligas metálicas específicas usadas na fabricação de válvulas que são fornecidas pelo fornecedor da segunda camada ao fabricante de motores.

Uma cadeia de suprimentos de uma indústria é muito mais complexa que o exemplo que citamos acima e pode ser composta por até mais camadas intermediárias e uma rede extensa de fornecedores. 

Dessa forma, se faz necessário uma observação criteriosa sobre as atividades de fornecedores que compõem as outras camadas da cadeia de suprimentos da sua empresa. 

Como um fornecedor de segundo e terceiro nível impacta um negócio? 

Da mesma maneira que é preciso analisar criteriosamente os parceiros comerciais diretos, a atuação de fornecedores de segundo e terceiro nível também pode refletir positiva ou negativamente na cadeia de suprimentos da empresa contratante e por isso não devem ser ignorados. Entre os impactos, podemos destacar:

Qualidade do produto final

Fornecedores de primeiro nível podem ser homologados com base no produto ou serviço oferecido, mas eles também dependem da qualidade dos componentes fornecidos entre a sua própria cadeia de fornecimento. 

Por exemplo, se um fornecedor de segundo nível fornecer peças defeituosas para um fabricante de motor, isso pode levar a problemas de qualidade no produto final (os veículos acabados, que terão motores com desempenho insatisfatório. E o retrabalho nesse contexto sempre é o caminho que leva ao prejuízo. 

Riscos reputacionais

Assim como o fornecedor de primeiro nível precisa estar em conformidade com a legislação vigente e atuar pautado na ética e integridade, a mesma atenção também deve ser dada para outros parceiros comerciais indiretos que compõem a cadeia de suprimentos. 

Uma marca pode ser associada a um fornecedor indireto, caso este se envolva em práticas antiéticas e ilícitas, como corrupção, exploração de trabalho, etc. Isto porque passa uma imagem de conivência com práticas ilegais de parceiros que contribuem, ainda que de forma distante, com a sua cadeia de suprimentos.

Leia também: Riscos reputacionais

Custos e eficiência

Fornecedores de segundo e terceiro nível também podem afetar os custos indiretos, levando a atrasos de produção, custos adicionais de retrabalho e logística.

Suponha que um parceiro comercial da sua empresa compre componentes críticos de um fornecedor  de segundo nível, que por sua vez, depende de um fornecedor de terceiro nível para obter matérias-primas. 

Um atraso na entrega devido a problemas de produção ocorridos no fornecedor de terceiro nível gera um efeito cascata na operação que impactará a sua empresa com interrupções na produção ou custos adicionais de armazenamento.

Logo, com uma ampla cadeia de suprimentos trabalhando em conformidade é possível controlar e até reduzir custos que afetem o negócio.

Resiliência na Cadeia de Suprimentos

A dependência excessiva de fornecedores de primeiro, segundo e terceiro nível pode tornar sua cadeia de suprimentos mais vulnerável a interrupções. Se o único fornecedor de um componente crítico de segundo nível enfrentar um desastre natural, sua produção pode ser seriamente afetada. 

Avaliar como seus fornecedores diretos trabalham a diversificação da própria cadeia de fornecimento é importante para evitar surpresas desagradáveis.

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Como mitigar riscos com fornecedores de primeiro, segundo e terceiro nível?

Mitigar riscos na cadeia de suprimentos requer uma abordagem estratégica e proativa por parte da empresa contratante e por isso, algumas diretrizes se fazem necessárias para evitar contratempos.

1. Requisitos de Qualidade e Conformidade

Durante a homologação ou no ciclo de vida do contrato, solicite ao fornecedor direto certificados de qualidade (como a ISO 9001), que atestem que os produtos e serviços atendam a padrões específicos e processos estabelecidos para verificação de não conformidades.. 

Lembre-se que negociar com fornecedores sólidos, que tenham um histórico comprovado de gerenciar efetivamente sua própria cadeia de fornecimentos também diminuirá a probabilidade de problemas cascata na cadeia de suprimentos

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2. Contratos e Acordos

Inclua cláusulas contratuais que estabeleçam a responsabilidade do fornecedor da primeira camada em garantir a conformidade dos fornecedores subsequentes, incluindo garantias de qualidade e conformidade em toda a cadeia de suprimentos, como citado anteriormente.

Também é possível estabelecer possíveis penalidades caso os fornecedores de primeira camada não cumpram os prazos pré-estabelecidos. Isso ajuda a garantir que fornecedores subsequentes também estejam atentos quanto à agilidade e conformidade da entrega, evitando interrupções na produção.

3. Avaliações periódicas de desempenho

Estabeleça um processo de avaliação periódica com o fornecedor de primeior nível para, consequentemente, garantir que os fornecedores de camadas subsequentes mantenham os padrões de qualidade ao longo do tempo.

Utilize métricas chave de desempenho (KPI) para avaliar qualidade, pontualidade na entrega, disponibilidade de estoque e matéria-prima, número de não conformidades identificadas, taxa de resolução de problemas, e outros indicadores relevantes. 

E não menos importante: promova uma comunicação aberta e transparente entre todas as partes envolvidas na cadeia de fornecimento, de modo que quaisquer problemas de qualidade possam ser identificados e resolvidos rapidamente.

4. Auditorias regulares

Durante o ciclo de vida do contrato, realize auditorias regulares nos fornecedores de primeiro nível para garantir que eles estejam cumprindo suas obrigações de monitorar e gerenciar fornecedores de segunda e terceira camada.

Incentive que os seus parceiros comerciais diretos façam o mesmo com  seus respectivos fornecedores.

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5. Diversificação da Cadeia de Suprimentos

Não dependa exclusivamente de um único fornecedor. Ao diversificar a sua cadeia de suprimentos, você também reduz a vulnerabilidade a interrupções. Por isso, considere o uso de fornecedores alternativos de primeiro nível para que tenham diferentes fornecedores de segundo e terceiro nível.

Analise sua cadeia de suprimentos atual para identificar os principais fornecedores de primeira camada com os quais você tem uma alta dependência, determinando produtos ou componentes que são críticos para suas operações e identifique potenciais fornecedores alternativos para matéria-prima crítica.

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7. Planos de Contingência

Desenvolva planos de contingência em conjunto com os seus fornecedores de primeira nível para lidar com interrupções potenciais na cadeia de suprimentos de segunda e terceira camada, estabelecendo procedimentos claros para a busca de alternativas. 

Realize uma análise de riscos detalhada para identificar os principais riscos que possam prejudicar qualidade, prazos de entrega, interrupções na cadeia de suprimentos e conformidade com a legislação vigente. A partir deste mapeamento, descreva as ações a serem tomadas em caso de ocorrência de um dos riscos identificados. O plano deve ser detalhado, incluir procedimentos claros e responsabilidades definidas.

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Mapeamento de Riscos: conheça os principais passos para um processo eficiente

Conclusão

Fornecedores de primeiro, segundo e terceiro níveis possuem papéis significativos para uma cadeia de suprimentos consistente e sustentável.

Em um negócio, fornecedores de primeira e principalmente de segunda e terceira camada podem afetar seriamente a qualidade do produto final, oferecer riscos reputacionais, aumentar custos e prejudicar a eficiência e a resiliência na cadeia de suprimentos.

Para mitigar riscos relacionados a uma cadeia de suprimentos complexa que envolve parceiros comerciais diretos e indiretos é necessário uma série de ações que devem ser implementadas periodicamente, como: avaliar requisitos de qualidade e conformidade, estabelecer cláusulas específicas em contratos e acordos, analisar documentações específicas que atestem a conformidade de produtos e serviços, realizar auditorias periódicas, estabelecer planos de contingência, entre outros.

Homologar e monitorar fornecedores é um compromisso que torna-se burocrático e moroso, uma vez que há uma série de aspectos que devem ser criteriosamente analisados antes de fechar um contrato- e até mesmo durante o relacionamento comercial. E é por isso mesmo que soluções tecnológicas tem sido uma grande saída para otimizar processos e tempo dos profissionais de compras

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